sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Louca de amor

Agora respiro e exalo o cheiro de uma pele perfumada. O meu mundo sorri. Todos vêem isso. É tão especial que me arrepia pensar se não estivesse ao meu lado. Tento esquecer o passado e aquilo que nada de bom me trouxe. E esqueço. Ao menos, acho.
E qual voz tão bela e doce foi aquela que atendeu ao meu primeiro “Alô”?
É mesma voz que hoje sussurra baixinho em um dos meus ouvidos tentando dizer: É você, só você.
Um temor no peito me comove a cada instante e a cada pensamento ao tentar desviar o meu olhar dele.
Vivo e sinto cada dia como se fosse o último, então o transformo no melhor. Acho que a culpa é todinha dele, tão airoso.
Peço e rezo para o meu Deus. Oh Céus! Já encontrei meu Deus.
Deus destinado a cuidar de uma simples garota pro resto de sua eternidade.
Demoro mais um pouco e não encontro mais nada, somente resta o seu cheiro, o seu perfume. É claro que está comigo, jamais me deixaria. Não consegue mais ficar sem mim, sem minha alma. Posso estar louca. Hum, mas sempre penso e me questiono: Louca? É um absurdo enlouquecer por amor. Esteja eu louca de desejos, desejos intermináveis, desejos insaciáveis, mas não louca por amar.
Debruço em minha janela e observo as nuvens. Uma forma ali, outra acolá. O perfume em meu nariz, não sai. Não quero que saia. Prometo amá-lo até a minha morte e prometo não ficar louca de amor até amanhã.
E eu que citei à cima coisas que não acreditava, nunca acreditei e jurava de pés juntos à todos que jamais acreditaria.
E hoje admito que acredito, ele me fez acreditar. Pois hoje e desde ontem, ele é o meu Deus, minha alma e o meu destino. Vou morrer louca de amor.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Naquela esquina.

Sinto-me perdida e ao olhar para trás, o observo amarrando o seu tênis, um all star azul. Percebo que me olha intensamente, está enérgico, acho que aconteceu alguma coisa. Eu não consigo parar de olhar: olhos cor de mel, cabelo grisalho, tatuado, lá pros seus quarenta anos.
Ele também não para de olhar, está muito ofegante. Qualquer movimento que faço, segue com os olhos.
Não posso mais ficar olhando, vai achar que fiquei interessada – e fiquei.
Viro a esquina vagarosamente e ele percebe que estou indo embora. Levanta-se rapidamente e seu cadarço desamarrado não importa mais, quer saber pra onde vou.
Olho para trás e logo, um sorriso em seu rosto seguido de um brilho em meu olhar. Parece que consigo ouvir o palpitar do seu coração, um “Tum tum” atrás do outro e cada vez mais rápido. É só impressão minha, na verdade, é o meu coração. Não sei o que faço. Sou tímida. Sigo a diante, agora com os passos mais largos – será que vai me seguir?
Sim. Segue-me até a porta de minha casa, e em todo o trajeto, juro que fiquei com o bico calado.
Levo um susto! Puxa um dos meus braços e logo me rouba um beijo, já não sinto mais nem o “Tum tum” do meu coração, parece que também o rouba de mim.
Lábios macios. Sua boca se encaixa perfeitamente na minha, perfume suave. Eu suo frio pelas mãos. Estou nervosa, nunca fiquei assim antes. Um beijo longo e doce.
Ele pára. Eu mal ouço sua voz. Posiciona-me ao lado de uma árvore e tira de seu bolso um celular modesto e sem mencionar nada, tira uma foto. Não deu tempo nem de abrir minha boca – também se eu a abrisse tenho quase certeza de que não sairia voz alguma. Ele sai correndo e entra no primeiro ônibus que passa em minha rua. Eu entro em casa, preparo um café. Enquanto a água ferve me deito aos pés do sofá, minha respiração volta ao normal e volto a sentir o “Tum tum” do meu coração. – Eu sabia que tinha algo de errado com ele. Por que fugiu de mim?
Ao menos levou para ele uma foto minha que no brilho do meu olhar não conseguira esconder a felicidade de ter um beijo roubado daquela boca tão doce.
Não quero que acabe assim. Penso como encontrá-lo novamente. Passam-se uns cinco dias e eu persisto em passar naquela bendita esquina. Desisto e volto para casa. Ahh! Não acredito! Fico vermelha, rosa, roxa, amarela, viro um arco-íris de cores e ele está lá, sentado em minha porta com um violão em seu colo e um buquê de rosas no chão. Ele canta uma canção: “Wild thing, you make my heart sing. You make everything, groovy. Wild thing I think you move me, but I want a know for sure. Come on and sock it to me one more time. You move me”.
Eu o convido para entrar, em minhas mãos ele entrega o lindo buquê de rosas. Antes que a água do café comece a ferver, um beijo lhe roubo, seguido de outro beijo e outro e mais outro. Estamos deitados aos pés de minha cama, a água borbulha até cair da panela e faz uma bagunça no fogão. Eu não ligo, estou o amando. Ai, e ele está me mordendo, ninguém me atrapalhe. Cada “Tum tum” de nossos corações parece que vai fazer nossos peitos estourarem. Não quero saber mais de nada. Ele é diferente. Ele agora é minha “Wild thing”.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Nascer para morrer

Nasceu;
Andou, parou;
Abriu, fechou;
Acordou, dormiu;
Chorou, sorriu;
Falou, calou;
Tentou, conseguiu;
Foi, voltou;
Levantou, deitou;
Entregou, fugiu;
Fracassou, realizou,
Olhou, cegou;
Casou, divorciou;
Encorajou, intimidou;
Animou, cansou;
Brigou, conversou;
Rabiscou, apagou;
Comeu, vomitou;
Continuou, desistiu;
Desceu, subiu;
Lembrou, esqueceu;
Sujou, limpou;
Curou, adoeceu;
Amou, odiou;
Desceu, subiu;
Molhou, secou;
Progrediu, regrediu;
Arrumou, bagunçou;
Quebrou, consertou;
Entrou, saiu;
Morreu.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ilusão: minha desilusão

Eu nasci. Atéia é lógico. Obviamente ninguém nasce já acreditando em alguma coisa. Passaram-se alguns anos até eu começar a entender um pouco mais sobre as coisas; mas menina ingênua, garotinha ainda com a chupeta na boca. Certa vez mamãe me contou uma coisa: disse que existia Deus, para eu rezar pra ele, todas as noites, ele me traria saúde e paz, eu logo achei fantástico fechar os olhos e conversar com Deus, pedir as coisas a ele. Fácil não? Pedia um mundo de coisas, (rs). Eu acreditei na minha mãe, por que não? Afinal por que ela iria mentir para mim? Só que minha mãe, nessa mesma época, me contou outra coisa: disse que existia Papai Noel, mas com esse era um pouco diferente, em vez de rezar, era só escrever uma cartinha e ser uma boa menina que no natal eu ganharia o meu presente desejado. ‘Nossa mãe! Quantas coisas boas e legais que há nesse mundo né?’
E vivia, quando criança, na ilusão que esses dois seres fantásticos existiam. Passaram-se mais alguns anos e fui amadurecendo, entendendo melhor as coisas, e quem dava aqueles presentes maravilhosos que eu pedia todo o natal? Ah, descobri que era minha mãe! E compreendi que Papai Noel não existia. Foi criado por alguém e com algum intuito. E no mesmo processo de amadurecimento e compreensão com o mundo, percebi também que Deus, aquele Deus para quem eu rezava todas as noites quando criança, não existia também, e também foi criado por alguém e com algum intuito. É tão fácil né!? Nós vivemos por um certo tempo de ilusões e, depois que começamos a crescer, começamos a entender muito melhor as coisas e cair na realidade. Nós viramos gente e percebemos que tudo não passou de uma brincadeirinha, de uma mentirinha. E para você, qual é a SUA realidade?

sábado, 5 de dezembro de 2009

Tarde

Com o tempo percebo que mais sozinha fico, e quem se preocupa com isso? Já cansei de justificar coisas que nem para mim faz sentido e para que justicá-las agora para você? Você, que foi embora no momento que eu mais precisei, você, que agora nada mais quer de mim. Para que então tentar começar tudo de novo se já acabou? Conto e sei que já foram mais de mil perdões pedidos mas qual foi o sacrifício que você fez para hoje, estar ao meu lado? Nenhum. Basta ter atitude.
Olho a diante e consigo ver a mim mesma, mais um vez, sozinha. Sozinha pedindo ajuda para o mundo. Oh! mundo cruel, o que quer de mim? Diga o que preciso para ser feliz? Acordar? Ou já será tarde?
A felicidade custa quanto? Você já me disse isso, não? Pode repetir por favor?
Por que não fala comigo? O que eu te fiz?
Já sei que o mundo não faz parte da minha história. Da minha história quem faz parte sou eu, só eu.
E hoje também sei que aquele que mais perto deseja ficar, mais me enganará. Foi isso que aconteceu, sempre. Já não vou mais mentir. Só queria saber: a felicidade custa quanto mesmo? Talvez seja um preço muito alto e eu, desculpe, mas não tenho como pagar. Sonho em algum dia poder encontrar alguém que me empreste o valor dela, mas eu sei, já será tarde demais. Oh! o que eu te fiz? Mundo cruel!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Acordada

Deito em minha cama e num só piscar de olhos aparece em minha mente, transformando tudo o que vivo em apenas ilusões, como se nada tivesse sentido.
Tento me afastar e quando me dou conta, mais perto estou e este, mais me prepondera. Eu fujo de mim, sempre enganando a mim mesma e tento mais uma vez voltar ao que era antes, sem se quer, um piscar de olhos. Olhos que não enxergam há tempo o motivo de tentar estar comigo, como se alguém estivesse o incomodando. Todo o dia vira uma tortura tentar descansar em paz.
Deitar e fechar os olhos são coisas que não consigo mais fazer. Ele está convencido de que está certo, digo que não é bem assim. Não há palavras para persuadi-lo. Tão trivial.
Quero parar de me enganar e de enganar os outros, quero provar que sonho só tem aquele que não quer mais sonhar.
Me pergunto quantas vezes já sonhei com isto e percebo que para mim o sonho não existe mais. Então para que dormir? Ficarei acordada até amanhecer, tentando não encontrar nem mais um defeito.
Não! Não posso ficar acordada, assim, consigo ver quem realmente é, o que quer e o que está fazendo aqui, o que está tentando fazer comigo.
Por isso deito em minha cama, fecho os olhos e o acordar, já não faz mais sentido para mim. Eu descanso em paz.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O tempo da vida

A vida é assim
Nos traz glória e nos traz medo,
Nos traz derrota e nos traz sorrisos,
Nos traz esperança e nos traz sofrimento,
A vida só não nos traz o tempo,
Ele, que é muito curto e muito egoísta,
Muito frio e solitário.
O tempo é para os estúpidos,
Estúpidos assim como o tempo.
O tempo nos traz medo assim como a vida,
O tempo não traz a glória, mas traz sim a esperança.
O tempo traz as lágrimas, mas também traz a cura.
A vida já nos traz a amargura,
Amargura da espera do tempo,
Um tempo que passa tão rápido,
A fim de acabar com a vida,
Vida que só existe com o tempo.
Tempo que todos nos precisamos,
Mas ele não precisa de nós
Ele só precisa da vida,
Ela é passageira, e ele...
Também.